O garoto olhava as gotas de chuva que batiam suavemente na janela.
Embora seu olhar estivesse fixo, a mãe podia perceber que seu pensamento estava muito distante.
Aproximou-se e acariciando-lhe os cabelos, perguntou:
Que está acontecendo, meu filho? O que preocupa você?
Ele continuou calado. Ela o abraçou e esperou que ele mesmo começasse a falar.
Não tardou para que ele ficasse um tanto inquieto entre os braços da mãe e dissesse, sem levantar os olhos:
Não quero participar da apresentação do teatro este ano.
A mãe se sentou e colocou o pequenino no seu colo.
Por quê, meu filho? Você acha que não vai ser legal?
Balançando a cabeça timidamente, ele respondeu:
Sei que é legal. É que um dos meus colegas disse que eu nunca vou conseguir decorar todas as falas.
A mãe estreitou o menino e disse com ternura:
E você, meu filho? Concorda com ele? Acredita que não será capaz de decorar as falas?
Seu tom de voz era sereno.
O menino levantou os olhos e encontrou os da mãe que o fitavam carinhosamente.
Sabe, durante sua vida, muitas pessoas vão tentar convencê-lo a respeito do que você pode ou não pode fazer.
Tentarão fazer acreditar que elas sabem mais de você do que você mesmo.
Dirão muitas coisas legais, e outras muito chatas.
Na maior parte das vezes, essas pessoas poderão estar fazendo isso por inveja, por ciúme, ou por simples ignorância.
Elas não têm como saber tudo, nem como conhecer profundamente os outros.
Muitas apenas falam por falar, ou para magoar.
O importante, meu filho, é que você tenha a capacidade de não se influenciar por essas palavras.
Se elas são certas, ou não, somente você poderá dizer.
O seu limite apenas você é capaz de estabelecer.
Você, somente você, pode dizer aonde seu trabalho e seu esforço poderão lhe fazer chegar.
Os olhos do garoto estavam cheios de lágrimas, emocionado pela confiança transmitida.
Beijou suavemente o rosto da mãe e agradeceu sorrindo pela mensagem que haveria de ficar para sempre gravada em seu coração.
* * *
É bastante comum as pessoas manifestarem suas impressões a nosso respeito. Algumas o fazem, com tamanha convicção, que parecem ser desbravadores do continente da nossa alma.
Elas se consideram peritas em julgamento e apreciam apontar os destinos alheios, como se fossem profetas legítimos das suas vidas.
O que nos cabe é não lhes dar crédito. Importante é que nos mantenhamos firmes em nossas convicções, em nossos anseios, reconhecendo as nossas capacidades.
Quem poderá nos dizer que não conseguiremos algum feito, se ainda não tentamos realizá-lo?
Quem poderá saber dos nossos limites, da nossa resistência, da nossa vontade?
Dessa forma, não devemos abandonar nossos ideais, nossos sonhos, em função de pareceres sem sentido.
Prossigamos com garra e determinação.
Nossas fragilidades poderão ser motivo de mais empenho e dedicação, mas nunca fatores impeditivos impostos por terceiros.
Somente nós podemos determinar a fronteira das nossas limitações.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita
Em 18.7.2022.